O Discreto Charme do Chakras
No dia 24/1 fui ao Chakras, lá no Jardins. Fuja. Sabe, você conhece a teoria da sociologia econômica: firmas que atingem um status mais elevado podem se dar ao luxo de aumentar os preços ou diminuir os custos de transação. O Chakras faz os dois. Os preços são elevados, conveniente para um lugar onde as identidades são "negociadas" e rapidamente hierarquizadas. E os custos de transação são baixos: uma hora e meia de espera pela comida, atendimento meia-boca. Você sabe, a velha lógica do "stacking together check-list requirements": (1) ponto, (2) arquitetura e decoração, (3) um cardápio bonitinho e (4) um pessoal "bonito" (branco e rico) e do "bem" (branco e rico). Acho que eles compraram um Plano Estratégico em algum site no google. Aliás, é o tipo de lugar que você entra e você sabe que existe um plano estratégico, mas não existe aquele fina costura entre os elementos que dão ao lugar uma identidade. Geralmente isso exige um olhar paciente e minucioso, muito além de um plano estratégico. Um restaurante, um lugar que realmente dure deve buscar aquela autenticidade que é (quase) impossível de fabricar. Autenticidade fabricada - boa! O meu ponto é: o lugar é fake. Poucos são os lugares mais requintados que não sejam fake (óbvio: modismo e rápido retorno fazem um casamento tremendo). Mas por que se deixar levar pelos mais oportunistas que tem por ai? Ainda assim, se o melhor amigo da sua irmã insistir em te convidar para ir ao Chakras, exija a parte superior, ao céu aberto. É o melhor ponto da casa. Bata o pé. Seja intransigente.